3 de Maio, 1361
Vivo cada momento da nossa separação! E espero ansiosamente pelo teu regresso, mas tu nunca mais voltas!O tempo passa. Já vi o pôr-do-sol 20 vezes, após a tua partida. Estarás bem, meu Pedro? Não recebo notícias, e tu sabes como estas temporadas longe de casa me deixam angustiada!Hoje, a Beatriz perguntou por ti. Ela já está crescida e, apesar das faces sensíveis e das mãos leves, já entende quando tu não estás e já ignora as frases repetitivas que eu digo para a tentar acalmar. “o papá já volta!” Mas esta frase que sai doce e trémula de minha voz já não lhe transparece a segurança, ela já não crê nessas palavras. Nem eu meu amor!Porque não voltas e matas esta angústia que reside em meu peito? Porque não estás comigo em nossa casa? Humilde, eu sei, sem luxos, nem caprichos, mas é nossa e isso vale tanto Pedro! Vem, eu espero incessantemente pelo momento em que tu entrarás naquela porta, a fecharás docemente e viverás eternamente com a luz do meu olhar!
Inês de Castro
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on sexta-feira, março 27, 2009
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Sara Freitas
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